sexta-feira, 3 de abril de 2015


ESTANOZOLOL

     O estanozolol é largamente utilizado para diversos fins, mas o conhecimento referente a esse esteróide é muito controverso. Provém da testosterona tendo um caráter moderadamente anabólico e de baixa androgenia.

     Apresenta-se em duas formas: a oral que apresenta maior toxicidade ao fígado e a injetável que promove um pequeno crescimento na área de aplicação. Uma vez o estanozolol metabolizado no organismo tende a variar os níveis de SHBG (Sex Hormone-Binding Globulin), essa variação que determina a otimização do caráter anabólico se combinado com outros esteróides anabólicos (EA) como Parabolan ou Primobolan. É mais visto a utilização do estanozolol em períodos de definição muscular, associado ao fator que o estanozolol não retém água. Seu uso clínico está atrelado a deficiências na síntese protéica, osteoporose e em casos de câncer de mama.

     Os principais efeitos colaterais vistos são concentrados na função hepática como colestases, icterícias, e outras deficiências hepáticas; em mulheres pode que abusam da droga pode causar o hirsutismo e algumas alterações no ciclo menstrual de ratas. É de difícil identificação em testes de doping, por isso foram criados vários métodos para a detecção da droga na urina sendo um dos mais utilizados o método de cromatografia liquida de alta performance e massa espectrografia de gás cromatografia(GC-MS) no modo SIM. Além de ser um dos anabolizantes mais falsificados no mundo restringindo ao laboratório ZANBOM e Genepharm a produção original.


Problemas Encontrados

     Um dos maiores problemas observados na sociedade atual é que as pessoas estão procurando sempre o caminho mais rápido. Todos somos influenciados pela televisão e pelas outras mídias a todo instante. Vemos modelos e padrões, mas ao tentarmos atingir esses modelos, agredimos a natureza individual. Assim muitos jovens, atletas, fazem de tudo por status e pelo aumento da performance (SANTOS 2003).

     Conceição et al.(1999) apud Silva (2002) realizaram estudos sobre o uso deesteróides anabólicos andrógenos (EAA) por praticantes de musculação das academias de  Porto Alegre, demonstrando que 24,3% dos indivíduos usavam EAA; em 34% dos casos as drogas eram utilizadas por vontade própria, em 34%, por indicação de outros atletas, em 19%, por indicação de amigos, em 9% por indicação dos professores, e em 4% dos casos, sob prescrição médica. Os anabolizantes mais utilizados foram a nandrolona (37%), o estanozolol (21%) e a testosterona cristalizada (18%). Demonstrou-se, também, que 80% dos usuários de EAA utilizavam mais de um anabolizante e 35% experimentaram dependência física e psicológica; as principais motivações ao consumo dessas substâncias foram a aquisição de força (42,2%), aquisição de beleza (27,3%) e a melhora do desempenho (18,2%).

     Ainda em relação às causas apontadas para uso e abuso de esteróides anabolizantes incluem insatisfação com a aparência física e baixa auto-estima. A pressão social, o culto pelo corpo que a nossa sociedade tanto valoriza, a falsa aparência saudável e a perspectiva de se tornar símbolo sexual constituem os motivos. Uma boa aparência física leva à aceitação pelo grupo, à admiração de todos e a novas oportunidades. Muitas vezes receitados por instrutores e professores de educação física, com pouco conhecimento na área, que indicam e vendem essas drogas, podendo ser compradas, em farmácias ou no mercado negro (Ribeiro 2001).

     O problema das drogas nos esportes tem espantosamente posto esse assunto em uma posição em que o esporte, em todos os níveis, é ameaçado pela reação de grupos para o problema. Muitos dos relatos são tempestuosos, irracionais e não científicos e, às vezes, simplesmente desinformados. As exposições da mídia não apresentam os dois lados do problema (MILLAR, 1996).

      Para BAHRKE et al (1998) o mais importante que melhorar estratégias de prevenção e intervenção, é a melhora da compreensão do processo envolvido no início do uso de esteróides anabolizantes androgênios, incluindo fatores de vulnerabilidade, idade de iniciação e uso de outras drogas ilícitas.

     Partindo dessa problemática, surge à necessidade de maiores investigações sobre o uso de esteróides anabólicos e principalmente, sobre o estanozolol, umas das drogas mais consumidas por usuários de esteróides anabólicos.


ASPECTOS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS DO ESTANOZOLOL

     O estanozolol é conhecido pelos usuários ou em outros países pelos nomes: androstanazolol, metillestanozolol, Winstrol, Stromba, Stromba jet, estanozolol-v, estanozolol, Winstrol Depot,Winny. Pertecente a classe farmacológica dos andrógenos, possui peso molecular de 344.5392 e formula molecular C22H36N2O.
     Segundo Roberts (2006) e Revilla &Velasco(2003) o caráter androgênio da testosterona é conseqüência da estrutura química derivada do androstano e da presença de oxigênio ligados posições 3 e 17 da molécula. As modificações introduzidas na molécula da testosterona permitem deprimir a ação androgênica e incrementar a ação anabólica do composto resultante. No caso do estanozolol(W), 17-metil-2’H-androst-2-eno [3,2-c]- pirazol-17-ol, com a fusão de um anilo heterocíclico, pirazol, com o primeiro anilo do esteróide, se consegue a depressão máxima de caráter androgênio a favor do caráter anabólico.

     Para um ciclo de grande ganho de massa muscular, associa-se ao estanozolol a alguma droga androgênica (como Testosterona, por exemplo). Se utilizado em associação a alguma droga que tenda a causar efeitos progestagênicos, o estanozolol cumpre a função anti-progestagênica  evitando efeitos indesejados como perda da libido, inchaço nos mamilos ou até mesmo a tão temida ginecomastia. Sua toxicidade ao fígado é baixa, mas não por isso inofensiva. Durante o ciclo com estanozolol pode-se tomar protetores hepáticos, e medicamentos de ação lipotrópica para o fígado, como exemplo a silimarina. A vitamina C possui a propriedade de neutralizar a ação tóxica de diversos produtos metabólicos, sendo também uma boa opção durante o ciclo de estanozolol (ANTÔNIO 2006).



Stanozolol
[17beta-Hydroxy-17-methyl-5alpha-androstano[3,2-c]pyrazole]
Fórmula Molecular: C22H36N20
Peso Molecular: 344.5392
Ponto de derretimento: N/A
Fabricante: (original) Sterling
Data de lançamento: 1962
Dose efetiva (homens): 50-100mgs/dia
Dose efetiva (mulheres
): 2.5-10mgs/dia

Vida ativa: 8 horas
Tempo de detecção: 3 semanas (oral) e 9 semanas (injetável)


EFEITOS COLATERAIS DO USO DE ESTANOZOLOL

     Segundo Revilla &Velasco (2003) os efeitos indesejáveis para a saúde que pode causar quando o estanozolol é administrado sem controle médico são: anormalidades hepáticas produzindo icterícias; o efeito endocrinológicos causado nas mulheres é evidenciado também por Guimarães (2003) e  Roberts (2006) que vai desde um agravamento da voz até crescimento de pelo facial; nos adolescentes aparecimentos de acne e aceleração do processo de maturação física; nos homens é acometido atrofia testicular; como também certos transtornos psicológicos. Ainda fazendo referências as mulheres, Muscle (2006), o efeito androgênio pode se manifestar em mulheres que dosam 50 mg e em homens que dosam quantidades mais altas. Problemas em atletas femininos normalmente acontecem quando uma quantidade de 50 mg é injetada duas vezes semanalmente. O efeito do estanozolol diminui consideravelmente depois de alguns dias e por isso duas injeções semanais são utilizadas. Porém, a acumulação de andrógenos no organismo feminino podem acontecer, podendo resultar em sintomas de masculinizarão, como engrossamento da voz que é o mais frequente sintoma relatado pelas usuárias.

     Os estudos feitos em ratas devem ser interpretados de forma cautelosa em mulheres. Os achados em relação à glândula pituitária hipotalâmico podem elucidar os potenciais riscos associados com o uso de EAA em humanos, abaixo estão listados alguns estudos realizados em ratas.

Pey et al. (2003) inclui que o estanozolol pode causar elevação dos níveis de enzimas no fígado, varias lesões neoplasicas e peliosidades hepáticas. Quando funções hepáticas são monitoradas em atletas que abusam de EAA, parâmetros renais mostram que não há mudanças ou pequenas elevações, as quais refletem anormalidades particularmente nos estágios iniciais.

     Yoshida et al. (1994) em seu estudo de caso com um atleta de powerlifting (levantamento base constituído de supino, agachamento e levantamento terra) utilizou estanozolol-V 125mg na forma intramuscular em duas aplicações semanais, fechando ao todo 1 mês. O indivíduo da pesquisa não possuía nenhum histórico de problemas renais ou hepáticos, além de não ser usuário de álcool, tabaco, outras drogas ou medicamentos. Os exames pré- laboratoriais afirmavam a condição de saúde, porém após o uso, o atleta foi internado no hospital com vários sintomas dentro os quais persistente vômito resultando em perda de 8 kilogramas. Na internação foram realizados novos exames laboratoriais que diagnosticaram a elevação dos níveis de creatinina, de nitrogênio na uréia, aumento da alcalina fosftase e o total de bilirrubinas havendo um decréscimo no nível de albumina. A estrutura do fígado foi inalterada, somente ocorreu fibrose no trato portal. Já em relação à biopsia realizada nos rins indicaram necrose aguda tubular (ATN). O paciente foi tratado e dois meses de tratamento sem a utilização do W os níveis abaixaram de creatinina e bilirrubina, retornando aos níveis normais após 5 meses. O paciente apresentou também severas colestases e desenvolvimento de falência renal depois do uso de estanozolol. Em outros estudos foram reportados casos de ATN, colestase e falência aguda renal em indivíduos que receberam 10mg de estanozolol diariamente, porém não pode restringir a causa dessas injúrias somente a droga pois nesses casos houve outros fatores que podem ter influência como a utilização de outros EAA e pelo histórico de doenças. 

     Pey et al. (2003) mostra em suas pesquisas que o estanozolol tem sido causa de inflamação ou degenerativas lesões no centrolobular dos hepátocitos, alterações ultra-estruturais e degenerativas mudanças no canalículo das mitocôndrias e lisossomos. Além disso em ratos machos eugonadais com prolongada administração de estanozolol provocou um incremento nas atividades de hidrólises dos lisossomos do fígado e um decréscimo em alguns componentes do microssomo do sistema de metabolização da droga e na atividade de mitocôndrias respiratórias em cadeias complexas modificando externamente os indicadores de função hepática. O uso prolongado de estanozolol provocou disfunções na cadeia complexa de respiração mitocôndrial e no sistema mono-oxigenase. Essas alterações seriam possíveis acompanhados de incremento na geração espécie de reação do oxigênio (ROS). Apesar do fígado ser tomado com altos níveis de enzima e defesas non-enzima antioxidantes e reparando a capacidade pode cobrir o estresse oxidativo e as células danificadas.

     A baixa ação androgenia do estanozolol repercute restringindo principalmente em fêmeas que administram altas doses produzindo alterações nos aspectos envolvidos no ciclo menstrual de ratas. Os efeitos adversos da droga concentram-se com nas funções hepáticas podendo ocasionar com alta freqüência colestases, icterícias e deficiências hepáticas. É uma das substâncias de maior dificuldade para identificação em testes de
dopagem gerando diversos métodos para que a identificação seja a mais precisa possível. Além disso há um sério risco de aquisição da droga falsificada restringindo a procedência segura do estanozolol aos laboratórios ZANBOM e TTOKKYO.

     Como há poucos estudos que se relacionam diretamente com os usuários dessa droga se faz necessário o acompanhamento médico e a segura procedência da droga para aqueles que optam por esse caminho.




REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MUSCLE, Copyright © 2000 Zégatão (Ed.). Winstrol II. Disponível em:
<http://www.zegatao.muscle.nom.br/anabolizantes.asp?nome=Winstrol%20II>. Acesso
em: 07 out. 2006. 
PERES, R. A.de N.; GUIMARÃES NETO, W. M.. Guerra metabólica: manual desobrevivência. Londrina: Midiograf, 2005. 191 p.
PEY, Angel et al. Effects of prolonged stanozolol treatment on antioxidant enzyme
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 ROBERTS, Anthony. Winstrol-oral versus injectable: (more different than you
think!). Disponível em: <http//www.mesomorphosis.com/articles>. Acesso em: 20 ago.
2006.

 ROBERTS, Anthony.Deca, Winstrol: and your joints. Disponível em:
<http//www.mesomorphosis.com/articles>. Acesso em: 20 ago. 2006.

 ROBERTS, Bill. A história e a posição atual do desenvolvimento dos esteróides
anabólicos/androgênicos. Disponível em: <http://www.fisiculturismo.com.br/artigo>.
Acesso em: 26 set. 2006.

 SANTOS, A. M.. O mundo anabólico: análise do uso de esteróides anabólicos nosesportes. 1. ed. Barueri: Manole, 2003. 275 p.

SONCINI, Felipe Silveira. ESTERÓIDES ANABOLIZANTES: MAIS QUE APENAS EFEITOS COLATERAIS. 2000.

WINSTROL y el estanozolol en el culturismo Disponível em:<http://www.anabolandia.com/winstrol-y-el-estanozolol-en-el-culturismo.html>. Acesso em: 09 set. 2006.

 YOSHIDA, Eric M. et al. At what a price, glory? severe cholestasis and acute renal
failure in a athlete abusing stanozolol. Canada Medical Associacion Jounal, Vancouver, p. 791-793. 15 set. 1994.






Luís Otávio LOLD
Profissional de Educação Física (Fortaleza-Ce)
Cref-005751-G/CE

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