ESTANOZOLOL
O estanozolol é largamente utilizado para
diversos fins, mas o conhecimento referente a esse esteróide é muito
controverso. Provém da testosterona tendo um caráter moderadamente anabólico e
de baixa androgenia.
Apresenta-se em duas formas: a oral que
apresenta maior toxicidade ao fígado e a injetável que promove um pequeno
crescimento na área de aplicação. Uma vez o estanozolol metabolizado no
organismo tende a variar os níveis de SHBG (Sex Hormone-Binding Globulin), essa
variação que determina a otimização do caráter anabólico se combinado com
outros esteróides anabólicos (EA) como Parabolan ou Primobolan. É mais visto a
utilização do estanozolol em períodos de definição muscular, associado ao fator
que o estanozolol não retém água. Seu uso clínico está atrelado a deficiências
na síntese protéica, osteoporose e em casos de câncer de mama.
Os principais efeitos colaterais vistos
são concentrados na função hepática como colestases, icterícias, e outras deficiências
hepáticas; em mulheres pode que abusam da droga pode causar o hirsutismo e
algumas alterações no ciclo menstrual de ratas. É de difícil identificação em
testes de doping, por isso foram criados vários métodos para a detecção da
droga na urina sendo um dos mais utilizados o método de cromatografia liquida
de alta performance e massa espectrografia de gás cromatografia(GC-MS) no modo
SIM. Além de ser um dos anabolizantes mais falsificados no mundo restringindo
ao laboratório ZANBOM e Genepharm a produção original.
Problemas Encontrados
Um dos maiores problemas observados na
sociedade atual é que as pessoas estão procurando sempre o caminho mais rápido.
Todos somos influenciados pela televisão e pelas outras mídias a todo instante.
Vemos modelos e padrões, mas ao tentarmos atingir esses modelos, agredimos a
natureza individual. Assim muitos jovens, atletas, fazem de tudo por status e
pelo aumento da performance (SANTOS 2003).
Conceição et al.(1999) apud Silva (2002)
realizaram estudos sobre o uso deesteróides anabólicos andrógenos (EAA) por
praticantes de musculação das academias de
Porto Alegre, demonstrando que 24,3% dos indivíduos usavam EAA; em 34%
dos casos as drogas eram utilizadas por vontade própria, em 34%, por indicação
de outros atletas, em 19%, por indicação de amigos, em 9% por indicação dos professores,
e em 4% dos casos, sob prescrição médica. Os anabolizantes mais utilizados
foram a nandrolona (37%), o estanozolol (21%) e a testosterona cristalizada
(18%). Demonstrou-se, também, que 80% dos usuários de EAA utilizavam mais de um
anabolizante e 35% experimentaram dependência física e psicológica; as
principais motivações ao consumo dessas substâncias foram a aquisição de força
(42,2%), aquisição de beleza (27,3%) e a melhora do desempenho (18,2%).
Ainda em relação às causas apontadas para
uso e abuso de esteróides anabolizantes incluem insatisfação com a aparência
física e baixa auto-estima. A pressão social, o culto pelo corpo que a nossa
sociedade tanto valoriza, a falsa aparência saudável e a perspectiva de se
tornar símbolo sexual constituem os motivos. Uma boa aparência física leva à
aceitação pelo grupo, à admiração de todos e a novas oportunidades. Muitas
vezes receitados por instrutores e professores de educação física, com pouco
conhecimento na área, que indicam e vendem essas drogas, podendo ser compradas,
em farmácias ou no mercado negro (Ribeiro 2001).
O problema das drogas nos esportes tem
espantosamente posto esse assunto em uma posição em que o esporte, em todos os
níveis, é ameaçado pela reação de grupos para o problema. Muitos dos relatos
são tempestuosos, irracionais e não científicos e, às vezes, simplesmente
desinformados. As exposições da mídia não apresentam os dois lados do problema
(MILLAR, 1996).
Para BAHRKE et al (1998) o mais importante que melhorar estratégias de prevenção
e intervenção, é a melhora da compreensão do processo envolvido no início do uso
de esteróides anabolizantes androgênios, incluindo fatores de vulnerabilidade,
idade de iniciação e uso de outras drogas ilícitas.
Partindo dessa problemática, surge à
necessidade de maiores investigações sobre o uso de esteróides anabólicos e
principalmente, sobre o estanozolol, umas das drogas mais consumidas por usuários
de esteróides anabólicos.
ASPECTOS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS DO
ESTANOZOLOL
O estanozolol é conhecido pelos usuários
ou em outros países pelos nomes: androstanazolol, metillestanozolol, Winstrol,
Stromba, Stromba jet, estanozolol-v, estanozolol, Winstrol Depot,Winny.
Pertecente a classe farmacológica dos andrógenos, possui peso molecular de
344.5392 e formula molecular C22H36N2O.
Segundo Roberts (2006) e Revilla
&Velasco(2003) o caráter androgênio da testosterona é conseqüência da
estrutura química derivada do androstano e da presença de oxigênio ligados
posições 3 e 17 da molécula. As modificações introduzidas na molécula da
testosterona permitem deprimir a ação androgênica e incrementar a ação
anabólica do composto resultante. No caso do estanozolol(W),
17-metil-2’H-androst-2-eno [3,2-c]- pirazol-17-ol, com a fusão de um anilo
heterocíclico, pirazol, com o primeiro anilo do esteróide, se consegue a
depressão máxima de caráter androgênio a favor do caráter anabólico.
Para um ciclo de grande ganho de massa
muscular, associa-se ao estanozolol a alguma droga androgênica (como
Testosterona, por exemplo). Se utilizado em associação a alguma droga que tenda
a causar efeitos progestagênicos, o estanozolol cumpre a função anti-progestagênica evitando efeitos indesejados como perda da
libido, inchaço nos mamilos ou até mesmo a tão temida ginecomastia. Sua
toxicidade ao fígado é baixa, mas não por isso inofensiva. Durante o ciclo com estanozolol
pode-se tomar protetores hepáticos, e medicamentos de ação lipotrópica para o
fígado, como exemplo a silimarina. A vitamina C possui a propriedade de neutralizar
a ação tóxica de diversos produtos metabólicos, sendo também uma boa opção
durante o ciclo de estanozolol (ANTÔNIO 2006).
Stanozolol
[17beta-Hydroxy-17-methyl-5alpha-androstano[3,2-c]pyrazole]
Fórmula Molecular: C22H36N20
Peso Molecular: 344.5392
Ponto de derretimento: N/A
Fabricante: (original) Sterling
Data de lançamento: 1962
Dose efetiva (homens): 50-100mgs/dia
Dose efetiva (mulheres): 2.5-10mgs/dia
Vida ativa: 8 horas
Tempo de detecção: 3 semanas (oral) e 9 semanas (injetável)
[17beta-Hydroxy-17-methyl-5alpha-androstano[3,2-c]pyrazole]
Fórmula Molecular: C22H36N20
Peso Molecular: 344.5392
Ponto de derretimento: N/A
Fabricante: (original) Sterling
Data de lançamento: 1962
Dose efetiva (homens): 50-100mgs/dia
Dose efetiva (mulheres): 2.5-10mgs/dia
Vida ativa: 8 horas
Tempo de detecção: 3 semanas (oral) e 9 semanas (injetável)
EFEITOS
COLATERAIS DO USO DE ESTANOZOLOL
Segundo Revilla &Velasco (2003) os
efeitos indesejáveis para a saúde que pode causar quando o estanozolol é
administrado sem controle médico são: anormalidades hepáticas produzindo
icterícias; o efeito endocrinológicos causado nas mulheres é evidenciado também
por Guimarães (2003) e Roberts (2006)
que vai desde um agravamento da voz até crescimento de pelo facial; nos
adolescentes aparecimentos de acne e aceleração do processo de maturação
física; nos homens é acometido atrofia testicular; como também certos transtornos
psicológicos. Ainda fazendo referências as mulheres, Muscle (2006), o efeito
androgênio pode se manifestar em mulheres que dosam 50 mg e em homens que dosam
quantidades mais altas. Problemas em atletas femininos normalmente acontecem
quando uma quantidade de 50 mg é injetada duas vezes semanalmente. O efeito do estanozolol
diminui consideravelmente depois de alguns dias e por isso duas injeções
semanais são utilizadas. Porém, a acumulação de andrógenos no organismo
feminino podem acontecer, podendo resultar em sintomas de masculinizarão, como
engrossamento da voz que é o mais frequente sintoma relatado pelas usuárias.
Os estudos feitos em ratas devem ser
interpretados de forma cautelosa em mulheres. Os achados em relação à glândula
pituitária hipotalâmico podem elucidar os potenciais riscos associados com o
uso de EAA em humanos, abaixo estão listados alguns estudos realizados em
ratas.
Pey
et al. (2003) inclui que o estanozolol pode causar elevação dos níveis de
enzimas no fígado, varias lesões neoplasicas e peliosidades hepáticas. Quando
funções hepáticas são monitoradas em atletas que abusam de EAA, parâmetros renais
mostram que não há mudanças ou pequenas elevações, as quais refletem
anormalidades particularmente nos estágios iniciais.
Yoshida et al. (1994) em seu estudo de
caso com um atleta de powerlifting (levantamento base constituído de supino,
agachamento e levantamento terra) utilizou estanozolol-V 125mg na forma
intramuscular em duas aplicações semanais, fechando ao todo 1 mês. O indivíduo
da pesquisa não possuía nenhum histórico de problemas renais ou hepáticos, além
de não ser usuário de álcool, tabaco, outras drogas ou medicamentos. Os exames
pré- laboratoriais afirmavam a condição de saúde, porém após o uso, o atleta
foi internado no hospital com vários sintomas dentro os quais persistente
vômito resultando em perda de 8 kilogramas. Na internação foram realizados
novos exames laboratoriais que diagnosticaram a elevação dos níveis de
creatinina, de nitrogênio na uréia, aumento da alcalina fosftase e o total de
bilirrubinas havendo um decréscimo no nível de albumina. A estrutura do fígado
foi inalterada, somente ocorreu fibrose no trato portal. Já em relação à
biopsia realizada nos rins indicaram necrose aguda tubular (ATN). O paciente
foi tratado e dois meses de tratamento sem a utilização do W os níveis
abaixaram de creatinina e bilirrubina, retornando aos níveis normais após 5
meses. O paciente apresentou também severas colestases e desenvolvimento de
falência renal depois do uso de estanozolol. Em outros estudos foram reportados
casos de ATN, colestase e falência aguda renal em indivíduos que receberam 10mg
de estanozolol diariamente, porém não pode restringir a causa dessas injúrias
somente a droga pois nesses casos houve outros fatores que podem ter influência
como a utilização de outros EAA e pelo histórico de doenças.
Pey et al. (2003) mostra em suas pesquisas
que o estanozolol tem sido causa de inflamação ou degenerativas lesões no
centrolobular dos hepátocitos, alterações ultra-estruturais e degenerativas
mudanças no canalículo das mitocôndrias e lisossomos. Além disso em ratos
machos eugonadais com prolongada administração de estanozolol provocou um
incremento nas atividades de hidrólises dos lisossomos do fígado e um
decréscimo em alguns componentes do microssomo do sistema de metabolização da
droga e na atividade de mitocôndrias respiratórias em cadeias complexas
modificando externamente os indicadores de função hepática. O uso prolongado de
estanozolol provocou disfunções na cadeia complexa de respiração mitocôndrial e
no sistema mono-oxigenase. Essas alterações seriam possíveis acompanhados de
incremento na geração espécie de reação do oxigênio (ROS). Apesar do fígado ser
tomado com altos níveis de enzima e defesas non-enzima antioxidantes e
reparando a capacidade pode cobrir o estresse oxidativo e as células
danificadas.
A
baixa ação androgenia do estanozolol repercute restringindo principalmente em
fêmeas que administram altas doses produzindo alterações nos aspectos
envolvidos no ciclo menstrual de ratas. Os efeitos adversos da droga
concentram-se com nas funções hepáticas podendo ocasionar com alta freqüência
colestases, icterícias e deficiências hepáticas. É uma das substâncias de maior
dificuldade para identificação em testes de
dopagem
gerando diversos métodos para que a identificação seja a mais precisa possível.
Além disso há um sério risco de aquisição da droga falsificada restringindo a
procedência segura do estanozolol aos laboratórios ZANBOM e TTOKKYO.
Como
há poucos estudos que se relacionam diretamente com os usuários dessa droga se
faz necessário o acompanhamento médico e a segura procedência da droga para aqueles
que optam por esse caminho.
REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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<http://www.zegatao.muscle.nom.br/anabolizantes.asp?nome=Winstrol%20II>.
Acesso
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Disponível
em: <http://www.fisiculturismo.com.br/artigo>.
Acesso em: 26 set. 2006.
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Luís Otávio LOLD
Profissional de Educação Física (Fortaleza-Ce)
Cref-005751-G/CE